Pensei no que escrever sobre as eleições 2010, porém recebi hoje esse email de meu querido amigo em Cristo Pe Carlos Eduardo (Pe Cadu) que é exatamente o que penso sobre esse 2ºTurno, segue abaixo na integra o email dele:
Amados e amadas de Deus,
Estamos às vésperas do 2o turno das eleições em nosso país.
Confesso que com todo alvoroço que o clima de campanha causa como impacto na sociedade, ainda tenho escutado de algumas pessoas: "Política é coisa chata! Eu não gosto de política... "
Sinceramente, ouvir coisas como essas me deixam preocupado e até chateado.
São sintomas de uma inércia que me incomoda muito.
Sonho com um Brasil que pensa, que participa, que luta e que vence.
Mas muitos ainda, e especialmente os jovens (lamento muito dizer isso), preferem a anestesia da alienação e o indiferentismo à vida social e política.
É por isso que defendo sempre a educação como prioridade de toda política pública.
A participação na vida social e pública do país onde nascemos e vivemos também é cristianismo.
A Encarnação do Verbo é o modelo de como deve ser nosso envolvimento com o mundo.
Bom, quero ser sincero e vou emitir minha opinião em algumas coisas. Gostaria que pudéssemos ter tido outras opções, especialmente na esfera federal. Mas não é essa a nossa realidade.
Confesso que essas eleições foram as eleições em que eu mais pude estar atento. Li mais, assisti a vários debates, pude acompanhar as estatísticas das pesquisas de opinião buscando estar atento às propostas dos candidatos.
Conclusão: eu ainda me encontro no grupo dos brasileiros indecisos.
A pouco foi encerrado o último debate dos candidatos à presidência da república. Foi nossa última oportunidade para escutá-los.
Pensei que uma pequena contribuição, aliás, pequena mesmo, pudesse ser uma breve palavrinha sobre o assunto. Recentemente fui convidado para ministrar uma palestra sobre o relacionamento de política e fé numa comunidade católica de Belo Horizonte, e assim como estou me baseando nessa fonte de pesquisa, compartilho com todos um pouco daquela reflexão.
Como o tempo e o espaço são limitados, reforço o que achei mais importante daquela palestra, as orientações da CNBB (que precisou esclarecer que o posicionamento isolado de alguns bispos e até padres não era o posicionamento oficial da conferência dos bispos).
- A primeira coisa que os bispos nos pedem é que não deixemos de participar da vida política no país;
- Que possamos verificar se os candidatos são comprometidos com causas sérias como a superação da pobreza, criação de novos postos de trabalho, melhor distribuição de renda, educação de qualidade para todos, saúde, moradia, saneamento básico, respeito à vida e defesa dos meios ambientes.
- Os bispos lembram que governar é promover o bem comum e cabe a nós verificarmos se os candidatos estão comprometidos com a justiça e a solidariedade social (segurança pública, superação da violência, dignidade da pessoa, cultura da paz, justiça no campo e - isso é muito importante: proteção à vida (da concepção à morte natural!).
- Segundo eles, precisamos observar que tipo de interesses os candidatos representam: se o de um grupo específico ou da sociedade em geral.
- Eles nos lembram a importância da ficha limpa, ou seja, a idoneidade moral, que já tem peso nessa eleição de 2010. Uma conquista que a sociedade brasileira teve recentemente.
- Que possamos perceber como os candidatos fazem uso da máquina pública, especialmente em tempos de campanha eleitoral. Que tenhamos cuidado com políticos que abusam do poder econômico ou que tem história de corrupção.
- O nosso voto não é mercadoria, dizem os bispos. Que ele seja consciente, livre e maduro e não uma troca de favores.
- Uma dimensão ressaltada é a questão da religiosidade. Ela faz parte da identidade de um povo. Precisamos constatar se os candidatos respeitam a liberdade religiosa em todos os sentidos: uso de símbolos, expressões e práticas de cultos etc.
- Outro ponto ressaltado pelos bispos é se a família é contemplada como patrimônio da humanidade pelos políticos, e seus valores e interesses são defendidos e promovidos;
- E por fim, os bispos exortam a não apenas votarmos, mas acompanharmos e cobrarmos o cumprimento de promessas feitas pelos candidatos.
Meus irmãos, cada passo e etapa de mudanças políticas é um marco histórico, e cada um de nós tem a oportunidade e o poder de participar desse momento.
Votar é exercer com liberdade esse poder de mundança na história. É um exercício de cidadania, e acrescento, um exercício de fé.
Que Jesus companheiro ilumine a cada um de nós no exercício desse poder.
Em Cristo,
Pe. Cadu